Os evangelistas relatam muito pouco sobre o caminho de Jesus para o Calvário e a cruz que ele carregou.
Mateus, Marcos e Lucas observam que Jesus foi incapaz de carregar a cruz por todo o caminho e teve que ser ajudado. João apenas menciona como Jesus tomou a cruz e a carregou para o Calvário:
“Levaram então consigo Jesus. Ele próprio carregava a sua cruz para fora da cidade, em direção ao lugar chamado Calvário, em hebraico Gólgota” (João 19,17).
Nenhuma narrativa dá detalhes sobre a cruz que Jesus carregou, provavelmente porque sua audiência – judeus e gregos no século I – estivesse bem ciente dos métodos de tortura utilizados pelos romanos. Aqueles que leram ou ouviram os relatos da crucificação de Jesus não precisavam de uma descrição detalhada, pois sabiam exatamente como era.
O historiador Hershel Shanks explica, em um artigo na Biblical Archaeology Review, que a madeira era difícil de ser adquirida e que os romanos reutilizavam postes de madeira que já estavam fixos no chão. Isso significa que qualquer um que tenha sido crucificado teria que carregar a própria cruz:
“De acordo com as fontes literárias, os condenados à crucificação nunca levaram a cruz completa, apesar da crença comum em contrário e apesar das muitas encenações modernas da caminhada de Jesus até o Gólgota. Em vez disso, apenas a trave era carregada, enquanto a vertical era colocada em um local permanente, usado para as execuções.”
Por outro lado, muitos cientistas e historiadores analisaram o Santo Sudário de Turim – que muitos acreditam ser a mortalha que cobriu Jesus no túmulo – e afirmam que o sudário fornece evidências de que Jesus carregou a cruz inteira.
O escritor Harrington Lackey explica como os estudos científicos do sudário confirmaram a tradição artística da Via Sacra:
“Usando a modelagem por computador, que analisou a parte de trás do Santo Sudário, eles descobriram que havia mais de duas marcas de abrasão no tecido; havia nove marcas de sangue que correspondem à túnica que Jesus usava. As marcas na túnica indicam um padrão cruzado, criado pela pressão de toda a cruz”.
Essa teoria também corresponde às leis judaicas sobre a presença de objetos impuros:
“Também tem sido especulado que Jesus teve que carregar toda a cruz, porque as estacas usadas e sujas, cobertas de sangue e fezes, foram retiradas de seus buracos no chão e armazenadas. Isso provavelmente foi feito porque a lei religiosa proibia qualquer um de tocar em algo impuro. Assim, Jesus e os dois ladrões crucificados com ele tinham que carregar tanto as estipes [troncos] como o pitabulum [barra transversal]”.
Conclusão:
Talvez a gente nunca vá saber a verdade sobre a cruz que Jesus carregou nesta Terra. Porém, o mais importante é reconhecer que Jesus carregou a cruz para salvar o mundo, perdoar nossos pecados e abrir as portas do céu.
via Aleteia
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